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terça-feira, 13 de março de 2007

EX-LÍBRIS? O QUE É ISSO?


O que é um ex-libris?
A expressão latina "ex-libris" ou "ex-bibliotheca" significa "dos livros de.." ou "da biblioteca de...", ou ainda "livros dentre aqueles" pertencentes a determinada pessoa ou instituição. A denominação ex-libris não é apenas dada a etiquetas fixadas em livros, também são chamados de ex-libris toda a marca de posse feita em uma obra, quer seja o nome do possuidor por escrito, um sinal convencional, um símbolo, um brasão de armas, um monogramas ou uma sequência de iniciais, carimbos diversos e por fim, esta etiqueta isolada, que o possuidor da obra cola, em geral, à capa interna do livro encadernado ou numa das suas folhas de guarda .
O uso de marcas para identificar os livros remonta à antiguidade. Nas ruínas de Nínive, na Mesopotâmia, todas as placas de argila de um certo local eram identificadas pelo mesmo símbolo cuneiforme, o antepassado mais remoto conhecido das marcas usadas actualmente.
Como forma de etiqueta isolada, tem seu aparecimento na Alemanha, na mesma época da invenção da tipografia., por volta de 1450.
O primeiro exemplo de ex-libris impresso contendo uma gravura simbólica é o de Johannes Knabensberg, também conhecido como Hans Igler (João Ouriço), gravado em madeira por W.L. Schuberg, representando um ouriço de perfil comendo flores silvestres. Também entre os mais antigos encontra-se o ex-libris de Giorgis de Podebrady (1455) e o de Hildebrand Brandenburg (1470).
Em França, o ex-libris aparece em 1529, o ex-libris de Jena Bertaud de la Tour-Brlanchet, na Inglaterra o ex-libris do Cardeal Wolsey, por volta de 1530, na Holanda em 1597, em livros de Ana van de Aa, na Itália, por volta de 1622, na América seria o ex-libris de John Cotton em 1674 e o de John Willians em 1679, além do de Willian Pen.
No Brasil o movimento "exlibrista" vem de Portugal.
Segundo alguns pesquisadores o primeiro brasileiro a ultilizar-se dessa forma de marcar os livros foi Manoel de Abreu Guimarães, Provedor da Santa Casa de Sabará e possuidor de uma vasta biblioteca, informação essa que é contestada por Rubens Borba de Moraes em sua obra Livros e Bibliotecas no Brasil Colonial, onde ele diz ser o Padre José Correia da Silva, morador também de Sabará, dono do ex-libris mais antigo usado por um brasileiro


Como é um ex-libris?
É uma etiqueta impressa por qualquer meio mecânico - de gravura a impressão digital-, de forma e dimensões variadas, normalmente não ultrapassando um quarto de página. De preferência é executada em papel de qualidade extra, geralmente branco ou de cor clara e neutra, com a impressão em preto ou, mais raramente, em cores, sobretudo os heráldicos.
Traz o nome do proprietário e muitas vezes uma ilustração, com temas variados e frequentemente de grande beleza artística. Muitas vezes são encomendados a desenhistas; mais raramente, pelo próprio dono. A imagem representada revela muito da mentalidade de seu possuidor e até mesmo do ambiente, acusando os gostos e costumes de certa época, grupo social ou cultura.


Por que usar um ex-libris?
Todos os que mantêm uma certa quantidade de livros, por prazer ou por obrigação, sentem em algum momento a necessidade de identificá-los. A maneira mais primária de fazer isso é assinar o nome a caneta no frontispício, hábito que subsiste entre muitos possuidores de bibliotecas, mas que geralmente desvaloriza o livro, além de enfeá-lo. Outros modos, como carimbos de tinta ou pressão e marcas gravadas nas próprias encadernações, têm sido usados.
O primeiro aparece mais comummente nas bibliotecas públicas.
O segundo aparece em algumas bibliotecas particulares, mas tem um custo bastante elevado.
Dessa maneira, o ex-libris aparece como uma opção artística, sofisticada, elegante e de preço relativamente baixo para marcar os livros de uma biblioteca pessoal. Além de mostrar a quem pertence determinado livro, sua presença realça o volume pelo valor artístico e pessoal da etiqueta. Há mesmo pessoas que coleccionam ex-libris, ou livros que os contenham.
A colecção do Barão do Rio Branco ficou famosa em sua época.


Quais os tipos de ex-libris?
São quatro as categorias em que os estudiosos dividem os ex-libris:

1) Etiquetas: não trazem imagens além do nome do proprietário, muitas vezes acompanhado de ornamentos.
2) Armoriados ou heráldicos: quando o motivo principal do desenho consiste de brasões ou insígnias de indivíduos, cidades, associações etc.
3) Simbólicos: quando trazem imagens que traduzem ideias, lemas de vida, ocupações etc., que não tenham carácter heráldico.
4) Paisagísticos: quando reproduzem cenas rurais, urbanas, marinhas etc. ligadas afectivamente ao possuidor dos livros.
Há, ainda, os ex-libris mistos, que podem ser enquadrados em mais de uma categoria.


A maldição do ex-libris
"Nas bibliotecas das comunidades monásticas da Idade Média, as mais ricas da época, tomavam-se todas as precauções possíveis contra os piratas de livros. Até o século XIV, usavam-se armários fechados com portas, e as obras costumavam ter ex-libris com inscrições em que se ameaçava com a pena de excomunhão, não só aos que furtavam ou encobriam o furto, como àqueles que raspavam ou faziam desaparecer o ex-libris da obra roubada.
Quanto mais preciosa a obra, mais rigoroso o anátema.
Um livro do século XII, da abadia parisiense de Santa Genoveva, trazia por baixo do título a seguinte etiqueta, um dos mais antigos ex-libris que se conhecem: 'Este livro é de Santa Genoveva.
Quem quer que o furte, ou acoite, ou esta marca apague, excomungado seja!'. E quanto mais precioso o livro, mais grave a excomunhão. Em certo código do mosteiro de Marbaque, Alsácia - livro dos Evangelhos, numa encadernação que continha relíquias em suas pastas- a fórmula de excomunhão enchia meia página. O ladrão era votado, sucessivamente, a todos os tormentos do inferno, condenado a mergulhar em lagos ardentes de alcatrão e enxofre e a ter a sorte de Judas, o traidor, concluindo com a invocação: 'Fiat! Fiat! Fiat!', para dar mais peso à excomunhão fulminada."

(FRIEIRO, Eduardo: Os livros nossos amigos. São Paulo, Editora O Pensamento, 1957)

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